Para assinalar o Dia Internacional da Escuta, organizamos no dia 17 de julho um encontro online que pretende refletir sobre o desafio de escutar, sobre o que o som dá a conhecer e sobre a relevância da preservação das nossas memórias acústicas. A iniciativa é aberta à participação de outros investigadores, que poderão apresentar propostas de comunicação até ao dia 26 de junho.
A inscrição é gratuita. Da participação é emitido um certificado digital.
O período de confinamento que experimentámos na sequência da pandemia COVID-19 expôs-nos a uma atmosfera sonora diferente. Mais silenciosa do que o habitual, distante dos ruídos da rotina de trânsito e movimento das cidades, esta nova paisagem acústica trouxe para o primeiro plano do ouvido sons a que habitualmente somos menos sensíveis. Durante várias semanas, o mundo à nossa volta reverberou uma espécie de ecos da distância.
Numa iniciativa livre, o projeto AUDIRE convidou outros ouvidos a escutar os efeitos acústicos da quarentena de contenção da COVID-19. Os registos evidenciam um certo consenso sonoro em torno dos sons das paisagens naturais, do eco das cidades vazias e da percussão dos ambientes domésticos.
Neste período em que vivemos uma experiência de distanciamento social, que sons se tornaram mais audíveis?O que é que passámos a escutar melhor num tempo em que desacelerou o movimento social? Este é o desafio que estamos a lançar a partir do projeto AUDIRE:
Faça a sua própria gravação e partilhe connosco a sensação acústica que o isolamento lhe estará a proporcionar. Gostaríamos de reunir contributos com a duração de 1 a 3 minutos, para construir uma paisagem sonora de experiências pessoais (se possível com indicação de dia, hora, localização e equipamento utilizado).
Cláudia Martinho é a nova investigadora da equipa do projeto AUDIRE. Arquiteta de formação, é artista sonora, doutorada em Sonic Arts pela University of London. O seus interesses de investigação incluem estudos de som, cultura sonora, estética acústica, práticas sonoras criativas, arte sonora, ambientes acústicos, soundwalking e psicoacústica. Iniciou funções no dia 2 de abril, na modalidade de teletrabalho, em consequência da crise sanitária da COVID-19.
O projeto AUDIREjunta-se à Antena 1, ao CECS e ao Grupo de Trabalho de Rádio e Meios Sonoros da Sopcom para assinalar o Dia Mundial da Rádio com uma emissão especial do programa Antena Aberta, em direto do campus de Gualtar da Universidade do Minho. No dia 13 de fevereiro, entre as 11h00 e as 12h00, os microfones da rádio pública vão dar voz aos estudantes e à comunidade académica.
Sendo 2020 o Ano Internacional do Som, a proposta desta emissão especial, conduzida pelo jornalista António Jorge, é promover o debate sobre a relevância da comunicação sonora. Que importância tem o que ouvimos? Como pode o som representar a diversidade? Que lugar tem a rádio nas nossas vidas? Estamos ou não a perder a capacidade de escutar? Estas são algumas questões que abrem a antena, a partir do Auditório B1 do CP2 à academia minhota. A entrada é livre.
O Dia Mundial da Rádio foi criado pela Unesco, em 2011. Este ano, a diversidade é o tema que assinala a data.
No Dia Mundial da Escuta de 2019, no jardim da livraria Centésima Página em Braga, a investigadora Laura Romero realizou uma acção sonora onde uma tenda de campismo foi convertida num pequeno e íntimo estúdio de gravação. Pessoas que estavam na livraria foram convidadas a participar. Cada pessoa, deitada dentro da tenda, experimentou o seu próprio momento de escuta e de gravação. Ao redor, vários frascos continham papéis com poemas e perguntas sobre as memórias, os sons e os espaços. O resultado é uma peça polifónica e íntima que retrata a cidade de Braga e a região do Minho, ao mesmo tempo que retrata algumas memórias, histórias e sensibilidades das pessoas que convivem neste espaço.
A peça
contém algumas gravações binaurais e por tanto recomenda-se ouvir com
auscultadores para uma melhor experiência de escuta.
Bragafonia é uma criação sonora de Laura Romero, com o apoio da Livraria Centésima Pàgina e o Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho. Esta peça foi desenvolvida no âmbito do projeto “Audire: guardar memórias sonoras”, durante julho e agosto de 2019. Os agradecimentos pelo apoio e a participaçao são infinitos: Helena Gomes, Adriano Ferreira, Francisca Martins, Sofia Saldanha, Madalena Oliveira, Alberto Sá, Pedro Portela, Ricardina Magalhaes, Alice Dutra, Cristina dos Santos, Luis Camanho, Alberto Fernandes, e todas as pessoas anónimas que partilharam as suas memórias.